‘Campanha bizarra, cruel e divisiva’, avalia especialista americano

Flickr / Colleen P / CC BY-NC-ND 2.0

RIO - A menos de três semanas para as eleições nos Estados Unidos, o presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, Peter Hakim, considera que o candidato republicano, Donald Trump, já está preparando terreno para justificar uma eventual derrota contra a democrata Hillary Clinton sob alegações de fraudes. Hakim, que foi professor da Universidade de Columbia e da Massachusetts Institute of Technology (MIT), classificou a campanha como a mais bizarra na História do país em décadas. Em entrevista ao GLOBO, ele indicou que Trump é o grande protagonista de uma disputa que poderia ter efeitos dramáticos para a política americana.

Na reta final da campanha, até estrategistas republicanos reconhecem que Hillary Clinton já tem os 270 votos necessários no Colégio Eleitoral. O partido já está admitindo uma derrota de Trump?

A maioria dos republicanos sabe que Hillary é disparada a provável vencedora. Trump está se preparando para uma derrota e não para uma vitória. E armando o cenário para colocar toda a culpa em fraudes. Ele odeia perder.

Especialistas e jornais americanos destacaram o baixo nível da campanha. Como o senhor vê isso?

A campanha tem sido a mais bizarra que testemunhei desde a disputa entre (Dwight) Eisenhower e (Adlai) Stevenson, em 1956. A mais divisiva e cruel. Políticas, experiências e valores pouco importavam. Tratou-se de personalidade, temperamento, aparência e esperteza. Um concurso de beleza e não um teste de competência ou ideias. No final, poderia ser simplesmente uma aberração e tudo voltar ao normal dentro de quatro anos. Ou alterar dramaticamente a política dos EUA e a natureza da liderança política no país e seu papel nos assuntos mundiais.

Qual deve ser a estratégia de Trump e Hillary no terceiro e último debate presidencial, marcado para hoje?

Trump vai continuar demonizando Hillary agressivamente e também vai enfatizar fraude eleitoral e deserção de republicanos. É a sua oportunidade de explicar a derrota e manter o apoio de partidários. Hillary será cautelosa. Quer evitar perda de terreno. Alguns dizem que ela vai ao ataque com o objetivo de ter uma grande vitória. Meu palpite é que segurar a vitória na mão é mais importante do que uma vitória acachapante. Por que correr qualquer risco neste momento? Deixa que o Trump o faça.

Como este último debate poderia influenciar no voto dos eleitores?

Eu não acho que muito, a menos que alguma notícia terrível e substanciosa venha à tona. Trump precisa aumentar seu apoio. Não vai adiantar simplesmente atacar Hillary.

Read the full interview in O Globo 


Suggested Content

Advierten que México sufrirá si Trump es presidente

¿Debe México hacer campaña en Estados Unidos para que conciudadanos se registren y voten, y otra para resaltar los beneficios del TLCAN? ¿Es momento de pensar en cómo recibiremos a millones de deportados, hay que dar la pelea en tribunales internacionales de derechos humanos? ¿Llegó la hora de preparar represalias comerciales contra Estados Unidos y considerar nuevos socios en AL, Europa y Asia? Son muchas preguntas, y variadas y hasta opuestas las respuestas que dan diplomáticos, politólogos y analistas. Sólo una sola cosa es cierta: Trump es impredecible.

˙Michael Shifter