Brasil, conheça o próximo presidente dos EUA

DonkeyHotey / Flickr / CC BY-SA 2.0

A maioria dos analistas prevê que Hillary Clinton será a próxima presidente dos EUA, mas nenhum analista excluiu Donald Trump da disputa. Uma vitória de Hillary garantirá continuidade ao país. Já a agenda de Trump, depois de 18 meses de campanha, permanece imprevisível. Muitos temem que ela possa causar transtornos perigosos –se ele tentar revogar ou reescrever políticas americanas já arraigadas, conforme prometeu fazer.

Os brasileiros deveriam estar preocupados? O fato de a campanha presidencial ter ignorado o Brasil é boa notícia. Os países submetidos aos holofotes, como por exemplo a China e o México, foram sujeitos a uma enxurrada de insultos e ameaças. Mesmo assim, enquanto o peso mexicano cai cada vez que Trump sobe nos resultados das pesquisas, os chineses, em sua grande maioria, parecem estar a favor do candidato republicano.

A atenção à política externa americana tem sido superficial e precipitada. O interesse pela América Latina vem focado quase inteiramente nas questões internas "quentes" que afetam outras partes da região.

Trump desencadeou uma tempestade de críticas contra o México porque esse país envia muitos imigrantes aos EUA e participa do Nafta, o amplamente desaprovado tratado de livre comércio norte-americano.

O México é o alvo perfeito do discurso anticomércio e anti-imigrantista de Trump. Cuba recebe atenção principalmente por sua relevância para a política na Flórida.

Nenhuma dessas questões tem relevância especial para o Brasil. As restrições a vistos são a principal queixa do Brasil em relação à política imigratória americana. Cuba, que no passado teve grande importância simbólica na política externa brasileira, hoje é uma preocupação que vem perdendo força.

Brasil e EUA nunca chegaram perto de ter um tratado de livre comércio, e isso hoje não é prioridade para nenhum dos dois países.

É verdade que os laços comerciais com os EUA são fundamentais para os interesses brasileiros —e ocupam lugar de destaque na agenda americana. Mas relações bilaterais mais produtivas não vão emergir de negociações entre os dois governos.

Independentemente de quem conquistar a Casa Branca, o Brasil precisa atrair investidores privados e líderes corporativos. Liderada por Henrique Meirelles, a equipe econômica sabe que o Brasil precisa colocar suas questões fiscais em ordem e reparar sua fama de ser um país que não é amigo das empresas.

Na América do Sul, apenas a Venezuela e a Bolívia colocam mais entraves que o Brasil ao setor privado. O Brasil também precisa abrir suas portas mais ao comércio. O Banco Mundial informa que o país é o mais protecionista entre as 20 maiores economias globais.

Deixando de lado os resultados eleitorais, há outros desafios para as relações entre Brasil e EUA. Um grupo considerável de parlamentares americanos, incluindo lideranças do Partido Democrata, considera o impeachment de Dilma injustificado e faz ressalvas ao governo de Michel Temer. Também as revelações do Lava Jato sobre a corrupção de tantos integrantes da elite política e empresarial deixaram autoridades americanas ressabiadas.

No fim, o Brasil e o resto do mundo deveriam preocupar-se mais com a possibilidade de reprise da recessão americana de 2008. Um impasse prolongado entre um governo Hillary e um Congresso liderado por republicanos pode, por exemplo, empurrar os EUA para uma recessão.

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