Bolsonaro é parte do consenso antissistema na América Latina, diz Michael Shifter

Michael Shifter Francisco Arteaga

Depois do ocaso dos consensos de Washington e de Brasília, emerge na América Latina o “consenso antissistema”. 

Segundo o presidente do Diálogo Inter-Americano, Michael Shifter, a eleição de Andrés Manuel Lopez Obrador, no México e a ascensão de Jair Bolsonaro no Brasil, fazem parte de um mesmo fenômeno, apesar de os dois líderes serem antípodas ideológicos: está em curso uma reação violenta contra o establishment político, os eleitores não acreditam que os políticos tradicionais podem resolver os problemas de segurança, corrupção e pobreza.

“Tivemos o consenso de Washington, neoliberal, que foi substituído pelo consenso de Brasília, com vários governos de centro-esquerda fazendo distribuição de renda graças a altos preços de commodities. Agora temos um consenso ‘anti-sistema’ emergindo na região”, diz Shifter.

Mas essa é apenas a sucursal latino-americana de uma rede de autocratas que vem se estabelecendo ao redor do mundo.

“O Brasil pode se tornar o mais novo membro desse clube que inclui os EUA de Donald Trump e vários países europeus, como a Hungria e a Polônia, onde eleitores frustrados com o establishment político optam por líderes que se vendem como adversários dos políticos tradicionais.”

Apesar da provável “química” entre o presidente americano, Donald Trump,  e um eventual presidente Jair Bolsonaro, isso não significa que os Estados Unidos apoiariam automaticamente o governo brasileiro, diz Shifter. Para ele, o governo americano iria adotar uma atitude cautelosa, esperar para ver se um presidente Bolsonaro respeitaria as instituições democráticas.

“Apesar de haver semelhanças e química entre Bolsonaro e Trump, os EUA não necessariamente apoiariam um governo fraco e instável, como parece que seria um governo de Bolsonaro”, diz Shifter.

Segundo ele, os EUA quereriam se certificar de que os freios e contrapesos do Brasil brecariam impulsos autoritários de Bolsonaro. 

Mesmo Trump não sendo exatamente um defensor de líderes democráticos? “Sim, ele não é fã de Nicolás Maduro, por exemplo, e vai querer se certificar de que Bolsonaro não seria radical e não adotaria políticas estatistas, apesar de ter um assessor econômico liberal”, diz.

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Leia a entrevista completa na Folha de S. Paulo 


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